O artista visitou a capital pernambucana para divulgar a nova fase e falou sobre as mudanças na vida e na carreira. Felipão anunciou que será atração principal do Aniversário do Autobar, festa marcada para o dia 22 de setembro, em Casa Forte. Ele também vai cumprir agenda em Caruaru, no dia 11 de outubro, no Fulanos Hall.
Entrevista Felipão // cantor e compositor
Por que decidiu voltar para o forró?
Foram muitos fatores. Não tinha a intenção de ser cantor gospel. Estava cansado daquela correria e quis desistir. Pensava em sair da música e montar um negócio próprio. Foi aí que entrei na igreja, por acaso, e gostei muito do ambiente. Quando encerrei a carreira e anunciei na TV, as igrejas começaram a me convidar para dar testemunhos e contar a minha história. Tudo foi acontecendo. Recebi um convite de uma gravadora no Rio de Janeiro, assinamos contrato e a coisa começou a andar. Só que eu não queria viver aquilo comercialmente. Para mim era muito pesado.Não queria viver aquilo. Para mim era muito pesado. No meu coração não sentia paz nessa comercialização da música e da fé. A coisa para funcionar tem que ser profissional. Tem que barganhar, negociar e bajular. São práticas normais no meio musical. Mas a minha intenção não era essa. Isso me doía por dentro. Não podia fazer isso com a fé, com o que estava pregando. Esse foi um dos motivos.
Como essas mudanças interferem no público que te segue?
A maioria das pessoas não aceita o que eu faço. Estou no meio desse processo de adaptação. Voltei a estaca zero em relação ao público forrozeiro. Ele se renovou totalmente. Agora é essa galera de 15 a 25 anos que está na pista. Muito já ouviram falar do Felipão, mas está tendo acesso ao meu trabalho pela primeira vez. E o público gospel não costuma aceitar esse trabalho. Então parei de me comunicar com eles e realmente vou focar nesse outro mercado.
Existe algum arrependimento por suas escolhas?
Fui muito criticado na saída do forró. Disseram que eu estava ficando louco. Me mandaram para o psicólogo e psiquiatra. Mas não ficou nenhum arrependimento. Da época do forró construímos uma história muito legal. Entrei e saí bem, não me queimei com nenhum contratante. Já no gospel, pude fazer um trabalho muito intenso e dedicados a uma causa. A gente amadurece e nota as mudanças no dia a dia. São questões de visão de vida.
E agora, fica proibido de algo?
Fica difícil voltar ao forró sem cantar o público quer ouvir e sem falar a linguagem que eles estão acostumados. Analiso o que está em voga no mercado e no que eu sinto. Terei o meu limite. Não venho de lá trazendo nenhum peso ou regras para ser podado. Estou procurando viver e deixar acontecer.
O repertório de show você canta sucesso de outros artistas. O que acha dessa pluralidade?
A música se misturou muito. Isso é bom e ruim. Está tudo mais agregado. Particularmente, acho ruim. Sinto saudade da época em que se subia no palco para cantar o meu próprio repertório. Hoje é quase uma obrigação cantar o que faz sucesso. Quero pegar a contramão e explorar bem o lado autoral. Mas não ficarei desatualizado, vamos colocar o que o povo gosta de ouvir.
Do Viver