Sementes poéticas de Spok
O Maestro Spok se apresentará hoje à noite no palco principal da 4ª Fenagreste, no espetáculo chamado Pernambuco pra você. O instrumentista estará acompanhado por oito a dez bailarinos da Cia. Veneza Brasileira de Danças Populares, mostrando as principais manifestações culturais como: maculelê, xote, xaxado, baião, frevo de rua, frevo de bloco, caboclinhos, maracatu de baque solto, maracatu rural. Composições de Luiz Gonzaga e Nelson Ferreira farão parte do repertório do show dirigido pelo próprio maestro. O show acontece a partir das 20h.
Mas antes, às 18h30, Spok lança livro de poesias intitulado Sementes, publicado com apoio cultural da Cepe Editora. Compositor de frevo e saxofonista internacionalmente conhecido, aos 45 anos ele estreia no universo da literatura.
Com ilustração de Nilinho, o filho de 11 anos, Sementes tem prefácio do escritor Raimundo Carrero, que enaltece o talento musical de Spok (“magnífico instrumentista capaz de transformar o saxofone num elemento fluido de alegria e de prazer”) e sua escrita poética. “A poesia de Spok transita entre o coloquial e o heróico para falar dos grandes momentos da vida”, ressalta. Nos agradecimentos o autor confessa que somente a partir das palavras de Carrero conseguiu enxergar melhor sua criação. Chorou, lendo o prefácio.
Sementes (196 páginas) é um registro autobiográfico e afetivo. A mãe, Dona Nair; e o pai, véi Nilo, são presenças constantes, assim como suas grandes incentivadoras: a mulher, Melissa; e a filha, Ylana Queiroga. No título cabem questionamentos existenciais, reminiscências da juventude e até mesmo crítica social.
Na poesia intitulada Pra Poucos, o mestre manifesta seu espanto: “De minha janela observo a cidade / Com prédios cada vez mais horrorosos / Ainda mais espelhados / Refletindo outros, deixando-os ainda mais assustadores”. E numa referência ao período do ano mais representativo para a arte do mestre, o verso revela-se como um acorde: “As ruas e ladeiras de Recife e Olinda tocam / Eu ouço”.
A partir desse projeto literário, o instrumentista transcende a carreira musical e começa a narrativa admitindo nunca ter sido afeito à leitura. “Com ingenuidade e coragem me lanço com palavras, levado pelo sopro que calmamente me empurra igual a uma folha de outono”, diz, na apresentação de Sementes.
SPOK
Filho de Seu Nilo e Dona Nair, o saxofonista Spok nasceu em Igarassu. Iniciou sua trajetória musical aos 12 anos na Escola Polivalente de Abreu e Lima com o professor Policarpo Lyra Filho (Maninho). Em 1986, foi estudar no Centro Profissionalizante de Criatividade Musical do Recife, onde passou a conviver intensamente com o maestro Edson Rodrigues. É diretor musical da SpokFrevo Orquestra, projeto através do qual passou a ser conhecido como responsável por levar o frevo para os palcos e festivais do Brasil e do mundo. Em 2010 foi nomeado Membro da Academia Pernambucana de Música ocupando a cadeira do Maestro Nelson Ferreira e nesse mesmo ano foi contemplado com a medalha do Mérito Cultural Leão do Norte – Classe Ouro. Em 2014, Spok se lança no universo do cinema (audiovisual) como coprodutor e protagonista do documentário Sete Corações onde homenageia e eterniza a trajetória de sete grandes mestres vivos do frevo. Em 2015 assume a função de coprodutor e protagonista no documentário O orquestrão que mostra como acontece a reunião de aproximadamente 200 músicos do frevo que encerram oficialmente o Carnaval do Recife há mais de 10 anos. Em 2016 realizou o sonho de fundar o Instituto Passo de Anjo, entidade beneficente voltada para o ensino das artes pernambucanas às crianças carentes da cidade de Abreu e Lima.